O Infarmed (a autoridade nacional do medicamento) está a analisar a possibilidade de medicamentos para a obesidade serem comparticipados, anunciou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins. O anúncio surgiu após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter recomendado o alargamento da utilização de medicamentos agonistas de recetores de GLP-1 para a obesidade.
“É uma recomendação que, quer o Infarmed, através dos peritos que avaliam os medicamentos e as suas implicações, quer a Direção-Geral da Saúde, que olha para os processos assistenciais integrados na área da obesidade, naturalmente terão em linha de conta, dentro do que são as indicações técnicas e as necessidades das pessoas que vivem com obesidade e que têm de ter uma atenção particular”, disse a ministra a propósito do guia publicado pela OMS esta segunda-feira. Ana Paula Martins falava aos jornalistas após ter sido vacinada contra a gripe e a Covid-19.
Os medicamentos agonistas de recetores de GLP-1, como Ozempic e Mounjaro, foram desenvolvidos, inicialmente, para o tratamento da diabetes tipo 2, mas “demonstraram reduções clinicamente significativas e duradouras no peso corporal em ensaios clínicos, juntamente com uma série de benefícios para a saúde”, lê-se na recomendação da OMS.
A ministra afirmou que a comparticipação é um tema a ser “avaliado pelos peritos e [que] tem de estar dentro das indicações definidas pela DGS para situações consideradas graves”.
A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, afirmou que a “abordagem está a ser estudada pelo Infarmed” e é necessário “aguardar”.
“Tudo o que fazemos tem de ser muito ponderado e assegurando, não só o que é melhor para os cidadãos, mas também o que é a sustentabilidade pública“.
Sublinhou ainda que a Direção-Geral da Saúde (DGS) já definiu um percurso de acompanhamento para doentes com obesidade e que está em vigor um despacho governamental que admite a comparticipação de medicamentos para esta doença.

