A opinião do médico dentista Pedro Cosme sobre as tendências de DIY – do it yourself – que promovem métodos e tratamentos caseiros, recorrendo a ingredientes e técnicas alternativas que conseguem resultados imediatos a troco de um custo menor. Será que vale a pena?
Num mundo cada vez mais conectado pelas redes sociais, é fácil ser influenciado por tendências e soluções aparentemente milagrosas, demasiado fáceis, rápidas e baratas para problemas de saúde oral. Desde os métodos caseiros de branqueamento dentário a tratamentos ‘revolucionários’ que prometem corrigir problemas dentários de forma rápida e barata, as plataformas digitais estão repletas de sugestões. No entanto, por detrás dessas promessas de sorrisos perfeitos a um preço reduzido, muitas vezes o barato acaba mesmo por sair caro com danos permanentes na saúde oral.
Pelas redes sociais são várias as tendências de DIY – do it yourself – que promovem métodos e tratamentos caseiros, recorrendo a ingredientes e técnicas alternativas que conseguem resultados imediatos a troco de um custo menor. É o caso dos branqueamentos caseiros, por exemplo, que alegadamente tornam os dentes mais brancos através de carvão ativado, ou dos alinhadores dentários promovidos por certas empresas não certificadas que, sem qualquer visita ou acompanhamento pelo médico dentista, alinham, supostamente, a totalidade da dentição e corrigem problemas de má oclusão. Mas o que estas tendências não revelam é que os seus danos podem mesmo ser irreparáveis, causando problemas permanentes na dentição, com danos no esmalte e gengiva.
Outra tendência perigosa é a procura por tratamentos dentários em países que prometem oferecer soluções mais baratas em comparação com os países ocidentais, como é o caso da Turquia. Nestas situações, o que pode parecer um tratamento ‘mais em conta’, com a oferta de um pacote turístico completo, pode levar a complicações irreversíveis e custos adicionais para corrigir, posteriormente, os problemas. De facto, a tendência #TurskishTeeth pode ser bastante perigosa para os pacientes, que recebem tratamentos invasivos, geralmente quando procuram soluções de implantologia ou facetas dentárias. O que acontece, na verdade, é que estas clínicas não seguem as normas clínicas ideais para os tratamentos médico-dentários, acabando, muitas vezes, por desgastar e danificar a dentição dos pacientes, proporcionando resultados muito pouco naturais e aquém do desejado. Em certos casos, os pacientes acabam mesmo por desenvolver infeções e problemas que podem até levar à perda de dentes.
Para além dos aspetos dentários, há ainda a questão da higiene, uma vez que estas clínicas desrespeitam os padrões de segurança e qualidade nos cuidados de esterilização e desinfeção, o que acarreta um grave risco para a saúde.
Embora muitas vezes as tendências virais nas redes sociais e as oportunidades de tratamentos dentários em países com ofertas aliciantes possam parecer soluções rápidas e acessíveis para problemas orais, é importante estar ciente de que grande parte destas soluções aparentemente milagrosas podem ter riscos muito graves, exigindo intervenções posteriores muito dispendiosas e extensas. Para evitar estes problemas – que são a prova de que muitas vezes o barato sai caro –, devemos priorizar sempre a segurança e a qualidade ao cuidar da saúde oral.